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CEFET-MG

Literatura e música entretêm público das redes sociais no isolamento

Quarta-feira, 22 de abril de 2020

“Cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança”. Essa frase retirada do livro “Ensaio sobre a cegueira”, romance do escritor português José Saramago, publicado em 1995, pode ser analisada no contexto atual em que estamos vivendo. O romance conta a história da epidemia de cegueira que se espalha por uma cidade, causando colapso na vida das pessoas e abalo nas estruturas sociais.

Pensando na relação da história contada no livro e a pandemia do coronavírus, o professor de Língua e Literatura do campus Curvelo Alexandre Amaro teve a ideia, logo quando as recomendações de isolamento social foram divulgadas pelo governo, de fazer uma leitura coletiva do romance. “Por narrar a história de uma epidemia de cegueira que acometia pessoas comuns, o livro dialoga em vários sentidos com a realidade atual da luta contra a Covid-19. No livro, o medo, a angústia e a tristeza são sentimentos que convivem com a solidariedade, a esperança e a resistência dos personagens, à semelhança do que vemos acontecer”, explica o professor.

A análise do livro está sendo feita no TwitterInstagram (@alexandreamaro) e por meio das hashtags #leituracoletiva, #quarentenaliteraria e #ensaiosobreacegueira. Segundo o professor, o objetivo é “oferecer uma reflexão sobre as consequências de um contexto de pandemia e permitir que as pessoas se manifestem a partir da prática da leitura. É também uma forma de compartilhamento da experiência literária, pois o livro pode ser um aliado importante nesse momento de reclusão”, ressalta. A iniciativa é aberta a todos que queiram ler a obra e dividir suas impressões com os demais leitores. “Por meio das hashtags, é possível aglutinar as postagens dos diversos leitores, criando uma teia de interpretações e impressões sobre o livro”, completa.

As redes sociais, como espaço de trocas de leituras, também estão sendo utilizadas pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens do CEFET-MG Adriana Reis, que está fazendo leituras de textos com poder curativo por meio do WhatsApp. As pessoas do grupo gravam imagens e voz ou apenas voz e leem um texto que foi importante para elas. “A gente tem a necessidade de narrar a vida e ouvir narrativas nos ajudam nessa grande tarefa que é narrar a própria vida. A literatura como manifestação artística cria recursos simbólicos extremamente importantes que nos ajudam a construir sentido para a existência e construir outros espaços e particularmente nos momentos de crise poder ir a esses outros espaços pelos sentidos, pela imaginação. É importante para a gente construir recursos para ação quando ela for possível”, explica a doutoranda.

Para Adriana, a intenção é proporcionar um momento de reflexão e de inquietamento, poder relaxar e escutar a história que o colega escolheu para narrar. “Todos podem construir seu próprio grupo e trocas de textos significativos que nos façam sonhar. É uma forma de reativar essa velha roda que a humanidade sempre teve ao redor do fogo, ao redor do fogão a lenha”, conclui. O grupo já fez leituras de “Perdoando Deus”, de Clarice Lispector; “Manuelzão e Miguilin”, trecho de Guimarães Rosa; “As margens da Alegria”, também de Guimarães Rosa e “As cidades invisíveis”, de Ítalo Calvino. O grupo conta com mais de 30 pessoas de áreas diversas que empalham poemas para outros grupos. “A ideia é conectar com o outro por meio da poesia”, completa.

Música

O professor e pianista André Pedico, do Departamento de Arte, Design e Tecnologia do campus I (Belo Horizonte), investiu na música para proporcionar diversão para as pessoas que estão em casa. A iniciativa “Piano Online – para ficar em casa”, divulgada no YouTube, foi uma maneira de oferecer um concerto online. “A ideia surgiu assim que me vi isolado em quarentena, observando que o contato com a arte e com a experiência artística tem sido apontado como uma ferramenta importante para melhorar a qualidade de vida das pessoas em isolamento”, destaca.

André gravou várias músicas em vídeo, ao piano, e fez comentários sobre as obras. A intenção, segundo André, é “que as pessoas pudessem ouvi-las de maneira mais contextualizada, aumentando novas possibilidades de apreciação musical”. No repertório, estão compositores brasileiros e estrangeiros. O objetivo é promover a democratização do acesso aos bens culturais e promover uma forma de experiência cultural. “Nesse contexto de quarentena, as experiências virtuais e o engajamento em redes sociais e aplicativos de conversas podem ser importantes meios de contato entre as pessoas isoladas”, conclui.

Redação – Secretaria de Comunicação Social / CEFET-MG